Clube do Bolinha

No meu tempo, a maioria das crianças tinham mais liberdade para conversar com a mãe. Não que o pai fosse ausente, mas que a intimidade no relacionamento era mais com a figura materna. Olhando para os dias de hoje, nós, mães atuais, somos as "chatas", as que impõem respeito, que cobram a rotina, os remédios, os horários das comidas, somos as que implicam quando as crianças comem "bobagens". Cobramos notas boas, frequência às aulas, etc. O pai, ao contrário, é o super herói, o amigão.

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Pelo menos aqui em casa é assim. Arthur vê no pai um companheiro para brincadeiras. Quando ele acorda e vê que não é o dia do pai ficar com ele em casa e levá-lo à escola, quer chorar. É nesse dia que eles brincam, o pai deixa ver muita televisão e sempre chegam à escola com uma hora de atraso, mais ou menos. Quando o pai chega do trabalho, coitado, não tem tempo nem para tomar um banho e trocar de roupa direito. O pequeno fica na cola, quer acompanhá-lo ao banheiro, ao quarto. O papai não pode jantar antes de brincar. E a brincadeira dura muito tempo.

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Ontem foi um desses dias. Os dois brincando, pulando no colchão. E o guri desandou a falar com o pai:

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- Pai, nós somos uma equipe! Nós temos uma missão, não é pai?

- Pai, você é um amigão, pai! Eu gosto muito de você!

- Pai, você é muito gentil!!!

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E o papai querendo jantar:

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- Filho, eu preciso comer um pouquinho para ficar mais forte e brincar com você! Eu estou muito fraquinho. Preciso comer!

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O pequeno não cedeu:

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- Não pai! Depois que a gente acabar a brincadeira você vai comer. Primeiro a gente brinca, depois come!

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Eu, achando muita graça naquilo, fui lá tentar salvar o papai. Sentei-me no colchão, mas o guri tratou logo de me expulsar:

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- Mãe, sai daqui por favor. Homens brincam com homens. Mulheres brincam com mulheres!

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(Eu mereço...)