Quando Arthur vai dormir, ele sempre pede:
- Mãe conta uma história pra mim!
E eu pergunto que história ele quer ouvir. E a resposta é sempre essa:
- Você sabe mãe. Conta da sua ideia! Eu quero três histórias porque eu tenho três anos.
E, nessa brincadeira, eu contava uma, duas no máximo, porque ficava enrolando entre uma e outra, com a desculpa que estava tentando lembrar a história. Ele, que não é bobo nem nada, percebeu. E ontem à noite pediu:
- Mãe, conta três histórias do livro. Eu quero do livro, não quero de sua ideia. Vamos escolher o livro.
E lá fomos nós. Escolhemos cinco, e entre eles estava o livro do Pinóquio. E eu fui contando a historinha pra ele. Num dado momento, em que uma raposa e um gato pedem que Pinóquio enterre as moedas que ganhou e, depois roubam-nas, Arthur comentou:
- Mãe, depois eu vou "quecêr", a arma também vai "quecêr", eu vou virar policial, vou entrar nessa história e matar esses ladrões!
Isso tudo porque quando ele inventa que algum objeto é arma, eu reclamo e digo que quem usa arma é polícia ou bandido. E que ele não é nenhum desses. Mas com isso, percebemos que é inevitável a exposição de nossos filhos a esse tipo de coisa, mesmo que tentemos preservá-los, a televisão está aí, o pica-pau e os amiguinhos também, que acabam ensinando o que a gente não quer, ou pelo menos, o que a gente tenta adiar o máximo que puder.
Sabe o que eu achei bonitinho? A construção da frase, na ordem certinha dos acontecimentos. Ele saber que precisa crescer, que a arma também tem que crescer, que ele precisa ser policial para usá-la e que, para matar os ladrões, ele precisara entrar na história também. Fofo demais, apesar dos pesares.
Um comentário:
Verdade! É fofo sim, apesar dos pesares. E é fofo também pq ele sabe bem qual é o lado do "bem", pelo menos na teoria né Val? A gente sabe que a polícia é meio complicada atualmente, né?
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