Esqueceram de Mim

Foi assim... Dormimos na casa da minha mãe e saímos cedinho no outro dia, deixando o pequeno dormindo com a vovó. Lá pelas 7h20min, liguei pra minha mãe e o pequeno atendeu:

- Alô mãe. Quem é você mãe? Onde você tá mãe?

Respondi todo o bombardeio de questões do meu pequeno e perguntei pela avó. Ele disse assim, bem calmo:

- Ela foi 'tabalá', mamãe!

Fiquei um pouco apreensiva. No mesmo instante, a vizinha chegou chamando por minha mãe. Ouvi pelo celular, chamei, mas ele não respondia. Desliguei e liguei novamente para que ela ouvisse o toque do celular. E o guri:

- Oi mãe! Onde você está?

E a vizinha começa a falar:

- Ei, Val. Ele tá sozinho. Tô chamando todo mundo aqui e ninguém responde.

Pedi que ele levasse o telefone para a tia e ele passou. Na mesma hora minha mãe apareceu. Fiquei aliviada, cheguei mesmo a acreditar que ela tivesse saído, talvez ido à padaria ou a algum lugar perto. Sei que minha mãe teria coragem (é mais fácil eu ter), mas na hora, pensei em tudo.

Tudo esclarecido, ela me contou depois que perguntou ao guri porque ele, ao acordar, não foi ao quarto dela, como ele sempre faz. E o pequeno respondeu:

- Eu pensei que vc tinha ido trabalhar, vó! Eu não tenho medo!

O que mais achei interessante foi que, nesse meio tempo, achando que estava sozinho, Arthur foi até a geladeira, pegou 6 iogurtes, abriu todos e já tinha tomado dois quando minha mãe levantou. Não chorou nenhum pouco e não ficou nervoso por estar sozinho. Acho que vou emancipar esse guri.

***

Mais tarde, quando a vovó ia trabalhar, chamou-o para deixá-lo na casa da bisa, e o guri:

- Não vou, vó. Pode ir pro seu trabalho. Eu vou ficar aqui sozinho. Eu não tenho medo vó. Eu não vou chorar.

Ai Ai...