terça-feira, 22 de março de 2011

Chupetólatras Anônimos II



Dá pra ver os dentinhos tortos dele...
Hesitei bastante em vir aqui escrever, com medo de uma recaída, mas hoje Arthur está completando 17 dias livre da chupeta. E foi assim...

Dia 05 de março, o pequeno passou o dia quentinho, febril mesmo. Ele dormiu no meu quarto, nesta noite e acordou de madrugada vomitando. Dei um banho, troquei lençol, coloquei um colchão no chão da sala e deitei-o novamente. Ele cochilou, mas uns 15 minutos depois, acordou vomitando novamente, com febre de 39º. Repeti o procedimento e dei um antitérmico. Ele pegou no sono e novamente, um tempinho depois, acordou vomitando novamente. Na hora da aflição, praguejei:

- É a porcaria dessa chupeta que está fazendo ele vomitar!!!

Eu me referia ao movimento de sucção. Achei que poderia estimular a náusea que ele estava sentindo. Tanto que, na terceira vez, ele tentava vomitar e não saía nada. Repeti o procedimento, banho, troca de lençol, limpeza do chão, troca de roupa dele, dormir. Quando tentei colocar a chupeta na boca dele ele disse:

- Não quero chupeta, mãe. Ela dá vomito! (ele chama assim mesmo, vomito, sem acento).

E dormiu, sem chupeta. E não vomitou mais. Teve febre e diarréia por mais dois dias, mas dei o Infectrin e ele sarou. De lá pra cá, escondemos todas as chupetas, cortamos o cordão da chupeta que estava amarrada à cama e tentamos não tocar no assunto. Na tarde do outro dia, enquanto eu passava umas roupas no quarto, ele deitou na cama, ficou por ali, zanzando, até que pegou no sono, sem pedir chupeta. Quando fui colocá-lo na cama dele, ele acordou e disse:

- Mas e o vomito? Aqui na minha cama tem chupeta.

Expliquei que não tinha mais chupeta. E ele adormeceu. Uns dias depois, ele encontrou uma chupeta na gaveta da cama dele. Colocou na boca, mas o papai viu e lembrou do vômito. Ele demorou um pouco, sem querer entregar a chupeta, mas cedeu. De lá pra cá, nada de chupetas. Não pede e diz que não quer, quando alguém pergunta.

Por outro lado, nunca mais dormiu à tarde. E à noite, só dorme depois das 22 horas. Aliás, dormiu sim um dia à tarde, mas à noite, só dormiu depois das duas e meia da madrugada. Está nervoso, impaciente, agitado. Se irrita com tudo, começou a roer as unhas, vive com a camisa na boca e quer bater em mim e no pai dele. Minha mãe sai em defesa dele e diz que não deveríamos ter tirado a chupeta daquele modo e insiste para que devolvamos a chupeta, pelo menos para dormir. O problema é que não tiramos a chupeta dele, ele que não quis mais. É certo que aproveitamos o ensejo para esconder as chupetas, mas ele nem sequer pediu. E não vamos dar a chupeta novamente. Não agora que o pior já passou. Vamos suportar essa impaciência dele, sem deixar de dar limites.

Acredito que as duas primeiras semanas são as piores e, aos poucos, as coisas vão voltando ao normal, sem a chupeta. Devolvê-la agora seria um retrocesso gigante. Nas férias, compramos um Playstation pra ele e, essa semana, compramos um Joystick com volante, acelerador, marcha e freio de mão. Dissemo-lhe que tínhamos pago dez chupetas por aquele presente. Ele ficou animado, alegre demais. Depois procurou mais chupetas pela casa para comprar o Buzz.  Não encontrou, é claro. Talvez ele ganhe no dia do aniversário (é caro pra caramba, inclusive por ser um boneco de borracha que "não faz nada").

Minha luta agora é com o hábito de roer unhas. Horrível, sei bem o que é isso. Hoje, depois que reclamei bastante, depois que disse que se ele roesse as unhas ia nascer uns galhos nas pontas de seus dedos e ele teria que fazer uma cirurgia para abrir a barriga e tirar as unhas lá de dentro, ele me disse:

- Mas eu cuspo o pedaço da unha, mãe. Eu não engulo.

Mostrei-lhe um par de luvas comprados numa viagem à Caruaru, no São João, que ele nunca tinha usado. Prometi colocar nas mãos dele caso ele insistisse em continuar a roer as unhas. Ele coloca a mão na boca e eu lembro das luvas. Ele tira. Esquece, coloca novamente, falo das luvas, ele tira. Aproveito o calor que faz aqui e deixo-o o dia inteiro sem camisa, para que ele não coloque na boca. Arrumando atalhos, repensando os atos, redescobrindo os conceitos...

Assim vamos vivendo, livre das chupetas e agradecendo a Deus por mais 24 horas.

3 comentários:

Ana disse...

Tarefa dificil se livrar de um vicio. Mais ainda para uma criança né?
Força aí e espero que logo ele se esqueça da chupeta e se acalme.
Beijos!

Bia Mello disse...

Oi amiga,
Imagino seu coracao como esta. Livrar-se dos habitos nao é mesmo uma coisa facil. Ainda mais quando diz respeito aos nossos pequenos. Mas concordo com vc e acho que vcs estao tendo progressos na luta contra a chupeta. Certamente havera dias complicados, mas acho que logo ele acostiuma e se livra do fantasma, largando inclusive dos "substitutos", como morder a camisa e roer as unhas. Boa sorte, fiquem com Deus.
Bjs,

Lia disse...

Val, concordo com você que devolver a chupeta seria um retrocesso. Ele está crescendo, e o pior já passou.
Agora, quanto a roer as unhas... eu roo unhas até hoje, mas o que piora muito é quando o Rafael (meu marido) me enche muito o saco e fica mandando eu tirar a mão da boca. Fico mais nervosa ainda e como todas as unhas.
Já que ele acabou de passar por uma mudança tão radical, eu deixaria que ele comesse as unhas à vontade, só tomando o cuidado de fazê-lo lavar as mãos com a maior frequência possível. E tente cortar as unhas dele sempre que der. Unhas grandes pedem pra ser roídas, palavras de uma roedora. Fazê-lo parar de comer as unhas com luvas, pimenta ou outros recursos não vai eliminar a causa do problema, que é a ansiedade. Ele usa isso como um recurso para se acalmar. Então a fórmula é tentar ajudá-lo a lidar com essa ansiedade de outras formas, e tentar eliminar coisas que o deixam tenso. Já pensou em fazer mais passeios ao ar livre, cachoeira, praia, parques? Natureza é um santo remédio.
Beijos, e desculpe os palpites. É que eu acabei me identificando com o seu filhote...