domingo, 9 de agosto de 2009

Pai


Sabe pai, eu aprendi a lhe amar aos pouquinhos. Acho que com você, em relação a mim, também foi assim. Aos poucos, enquanto eu ainda estava protegido na barriga da mamãe, fui me acostumando com a sua voz, com a sua risada. Eu ficava feliz quando ouvia você falar pertinho de mim e reagia sempre que sentia tua mão tentando me tocar, através da barriga da mamãe.

Sabe pai, eu sei que fui uma surpresa em sua vida. Sei que no primeiro momento fui um susto muito grande, afinal você não estava esperando por mim e sempre teve medo de assumir compromissos muitos sérios, como criar um filho no mundo em que vivia. Até consigo imaginar as coisas que passavam em sua cabeça, nas noites insones, apesar da mamãe não ter dado muito trabalho enquanto me carregava na barriga. Mesmo assim, eu sentia a sua proteção em não querer que a mamãe comesse sal, açúcar ou outras besteiras que ela insistia em comer; em não querer trabalhar à noite, em não querer ficar longe de mim e da mamãe.

Sabe pai, eu me sentia protegido quando sentia que você nos acompanhava a cada consulta antes que eu nascesse. Eu senti a sua alegria disfarçada quando soube que eu era um menino, mesmo tendo dito antes que "tanto faz, o importante é que tenha saúde". Eu percebi sua felicidade quando viu, na ultrassom, que o meu pé era igual ao seu. Eu ouvi você me pedindo para que esperasse o dia amanhecer e nascesse junto com ele. E obedeci ao seu primeiro desejo. Deixe você dormir a noite toda, mesmo que vestido de calça jeans, cinto, meias, chave do carro e carteira no bolso. Eu ouvi você. Só não esperei você chegar com a filmadora para me ver nascer, fui muito rápido. Tive medo de que você não resistisse de tanta felicidade!

Sabe pai, quando lhe vi, eu soube que era você, eu reconheci a sua voz. E lhe amei mais naquele instante. A cada dia o nosso amor só aumentava. Você fez questão de dormir comigo e ficava ao meu lado, esperando um arroto para que eu não sufocasse, enquanto a mamãe dormia. Eu senti sua proteção, pai, às vezes exagerada, querendo que eu tomasse todos os remédios do mundo, para evitar que eu tivesse a sua rinite. Não teve jeito pai. Serei seu companheiro de antialérgicos. Lembro também do seu cuidado quando caí do carrinho e de você querendo soldá-lo só para evitar que eu caísse novamente.

Sabe pai, a você dei meus melhores sorrisos banguelas, rumo a você, caminhei a primeira vez, a primeira palavra que falei foi 'papai', lhe chamando para perto de mim. Pai, eu viajo em suas histórias e nas músicas que canta para mim. Ao seu lado, tudo tem mais sabor. Os filmes são mais reais, as brincadeiras são mais gostosas se você está comigo. Você me acalma e eu lhe entendo. Relaxo quando você me pede para ter calma e é sincero comigo. Fico cheio de orgulho quando a pediatra elogia você quando eu me comporto bem na consulta depois que você me tranquiliza, somente sendo sincero.

Sabe pai, às vezes eu acho que a mamãe não entende o porquê de eu querer ficar mais com você, se foi ela que me carregou sozinha por 9 meses e me amamentou por mais 11. Acho que ela não entende quando mando você fechar a porta do quarto para ela não entrar, que nossos assuntos são conversa de homem e no nosso Clube do Bolinha, menina não entra. Eu gosto da mamãe demais, mas é com você que me divirto ao extremo, que meu sorriso se mistura ao som de sua voz e sou feliz completamente. Mas às vezes eu acho que ela sente é orgulho da nossa cumplicidade e da forma como a gente se parece e se entende. É, pai, acho que é orgulho mesmo!

Sabe pai, só tenho dois aninhos e já vivi intensamente com você. Mas ainda quero ter muitos momentos felizes ao seu lado. Quero correr na chuva, pescar no lago, acampar na roça. Quero jogar bola, correr de kart, viajar o mundo com você. Quero conhecer a sua vida, saber da sua infância e fazer de você o meu exemplo. Quero conhecer Deus através de suas palavras e ser um homem digno e honesto como você.

Sabe pai, eu amo muito você e, sinceramente, não sei o que seria de mim sem sua presença em minha vida, sem a grandiosidade do seu amor na minha imensa trajetoria por esse mundo. Obrigado por ser meu pai. Obrigado por fazer valer essa palavra em mim.

Te Amo incondicionalmente.

Arthur.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não tenho palavras!
Essa mensagem me fez chorar!!!!!!!
Já lhe disse o porquê num e-mail outro dia!
Sou testemunha do quanto esse amor cresceu em Naim e do Pai e marido maravilhoso em que ele se transformou!
Beijos,
Uma madrinha aos prantos!