terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Escondendo os Fatos

Ultimamente Arthur tem escondido as coisas da gente. E isso está me preocupando. Na verdade, não é bem "escondido" a palavra, mas ele tem ignorado as situações. Por exemplo: quando cai, é picado por uma formiga ou se machuca de alguma forma, e a gente pergunta o que aconteceu, ele responde logo e chateado:
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- Não foi nadinha. Não foi nadinha.
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E não deixa colocarmos gelo, pomada ou qualquer coisa parecida. Tudo que fazemos é meio "à força". Não adianta diálogo, grito, nada. E, para completar, minha mãe viajou. Estamos na casa dela, meio de férias, desde novembro. Tenho ido pouco em casa porque minhas férias foram seguidas de uma pequena greve e de um recesso coletivo. Por isso, fomos ficando, ficando... A parentada chegando, e a gente querendo estar perto... Aí, do nada, minha mãe inventa de viajar. Logo ela, a primeira pessoa que ele procura quando acorda e a última, antes de deitar. Ela viajou ontem à tarde e, desde que ela saiu, ele não falou nela nenhum instante.
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Meu pai até disse a ele ontem que a vovó ia viajar. Ele correu no quarto, perguntou se ela ia viajar e ela disse que não. Mas ele viu a mala em cima da cama e ficou na cola dela o resto da tarde inteira. Mas desde que ela saiu ele não perguntou por ela. Sei que ele percebeu, que ele sabe que ela viajou, mas ele não fala. Hoje pela manhã, acordou mais tarde e a prima Raíssa já estava aqui, então, ele não teve tempo de procurar pela avó. Mas passou o dia num abuso só. À tarde, chorou por alguma coisa que eu reclamei, foi correndo em direção ao quarto da avó e disse:
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-Eu quero a minha... quero a minha...
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E não completou a frase. Voltou, mas em nenhum momento falou na avó. Agora à noite, depois de muito stress para colocá-lo para dormir, minha mãe telefonou e pediu para falar com ele. Achei que não seria legal, mas ela insistiu e disse que ia ser melhor pra ele. Sábia decisão. Em princípio, ele quis chorar, empurrou o telefone, disse que não queria falar com ela. Fui conversando com ela no viva-voz e falei pra ele:
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- Arthur, a vovó está perguntando o que você quer de presente.
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Pronto. Falei a palavra mágica "presente", (lembram?) Ele foi logo listando: "um carro, um avião e um 'lelicótoro'". Aí, aos poucos foi se soltando, e desenrolou a conversa com a avó, que prometeu trazer até os peixinhos do aquário do tio Ranne, que ele tanto gosta. Logo em seguida pegou no sono, tranquilamente. Amanhã, vou conversar direitinho com ele. Explicar que a vovó precisou viajar, mas que não vai demorar. Sei que o choro será inevitável, mas sou a favor da conversa, de não enganar a criança. Não sei porque não percebi antes o que o afligia. Acho que no afã do momento a gente tende a não raciocinar direito (até tapa na cara levei). Mas bastou conversar com minha mãe para entender o que ele passou.

Amanhã vai ser diferente, filho. Boa Noite!
PS: Só uma perguntinha: é normal as crianças esconderem os fatos ou reprimirem sentimentos nessa idade? Thaty, responde aí também.

Um comentário:

Elisabete Ramos disse...

Oi Val, tudo bem?
Conversa com ele sim sobre a viagem da avó, ele está sentindo a falta dela mas as vezes, não está sabendo se expressar, dizer o que está sentindo... também sou a favor da conversa. Bjs